Título: Sussurros de uma Garota Apaixonada
Autora: Mandy Porto
Número de Páginas: 244
Editora: Underworld
Nota de 1 a 5: 1
Duas palavras:
imaturidade literária. Talvez essas duas palavras possam justificar a baixa
qualidade da obra. Outro motivo: falta de revisão da história, o que, neste
caso, não é culpa da autora mas sim da editora que não deu devida atenção à
obra. Há todo um trabalho gráfico bem feito, de diagramação encantadora (cada
capítulo iniciado com uma flor diferente), no entanto é possível encontrar
diversos erros tanto ortográficos, quanto de coerência/coesão e continuidade
dos fatos narrados.
A sinopse nos diz que
“Brooke Watson, uma novata na Universidade de Stanford, não queria saber nada
de garotos, apenas queria se concentrar nos estudos e ser uma boa médica no
futuro. Danny Garcia entra em sua vida, um garoto arrogante que a maioria das
pessoas da Universidade detesta. Ele é morto por um Serial-Killer do campus e
Brooke é a única que consegue vê-lo. Eles se detestam, mas deverão trabalhar
juntos para descobrir quem é o assassino que está matando meninos no campus da
Universidade”.
No entanto, quando se começa
a leitura, parece que nos é apresentada mais uma história que se passa num
“High School” do que propriamente em Stanford. A descrição dos personagens, a
rotina deles, as aulas, os professores... Um cenário mal descrito, pois estava
com uma aparência de colegial. Outro ponto: logo de cara Brooke e Danny não se
dão bem, se odeiam mutuamente; mas, no final, quando é explicada a razão de
tanto ódio, a justificativa não convence tanto assim, ficou mal trabalhado o
motivo de se odiarem, um tanto superficial demais. Mais: a garota consegue,
logo no início das aulas, um estágio no necrotério da própria universidade
(Como assim? Um aluno, mesmo que se mostre dedicado e tenha ótimo desempenho,
não arranja estágio dessa maneira! A própria Brooke conheceu veteranos, e não
foi mencionado que eles tivessem conseguido um – quer dizer que calouros, com
um histórico prestes a ser preenchido ainda, tem mais oportunidades do que
aqueles que já estão lá por mais tempo? Não parece Stanford). Brooke tem aula
de Anatomia Descritiva com uma professora chamada Olivia, a qual se torna quase
que uma segunda mãe (só me digam onde que se encontram professores que abraçam
e acalentam seus alunos em momentos difíceis, principalmente quando os alunos
acabaram de entrar na universidade e mal estabeleceram contato com o corpo
docente).
Falando de Lucy, a
garota com a qual Brooke divide o quarto; a personalidade da menina é um tanto
mal formada, não tem personalidade estável. A personagem em si foi mal feita. E
quanto à sua irmã? No início do livro, Lucy menciona que tem uma irmã que
estuda em Stanford também e que um dia ela apresentará à sua mais nova amiga.
Acontece que Brooke acaba conhecendo primeiro o namorado da irmã da amiga, e a
própria irmã ela nunca foi apresentada (nem mais foi mencionada no livro,
simplesmente se esqueceram da garota).
Voltando ao casal
principal, que se odiava em vida, os dois se mostraram um apaixonado pelo outro
após a morte de Danny. Assim, do nada. Ele só conseguia ser visto por ela e
mais ninguém, e também não conseguia tocá-la. Não só não a tocava, mas também
atravessava qualquer pessoa/objeto, entretanto....
“- Quer ajuda? Você
parece estar afogada em papéis – ele retrucou sorrindo.
- Estou ótima, mas
obrigado por se oferecer – sorri de volta. Na verdade eu queria que ele me
ajudasse, eu realmente estava afogada em papéis. Mas como ele estava morto e
não podia tocar em nada, ele não poderia exatamente me ajudar.
- Você pode conversar
com outros fantasmas? - perguntou ele enquanto brincava em minha cadeira
giratória. Se alguém entrasse ali naquele momento, esse alguém provavelmente
iria ficar assustado e nunca mais voltar. Porque, sabe como é... minha cadeira
estava girando para o lado esquerdo e direito... como se uma pessoa realmente
estivesse ali sentada girando pra lá e pra cá.”
(Danny & Brooke –
páginas 71/72)
Ah, então quer dizer que
com papéis não tem efeito, mas a cadeira se move com o “peso” dele... Bem
plausível! E é aí que entra a tal da imaturidade literária mencionada
anteriormente...
Se você realmente
prestar atenção, a história tinha tudo para dar certo, apesar de ser clichê. O
problema foi que a autora tinha tanta ideia para pôr no papel, que acabou
engolindo detalhes e sua obra ficou sem essência, acabou não convencendo. Ela
quis envolver tanta coisa no enredo que acabou fazendo uma mistura
desagradável, principalmente com o final da trama (o livro tem, praticamente,
“dois finais” - a história acaba, ou seja, tem um fim, mas de repente continua
e acaba tendo outro final, como um capítulo extra. Teria sido muito melhor se a
história tivesse acabado no “primeiro final”, pois para justificar o “segundo
final” foram inseridos elementos de última hora, parecendo um tanto superficial
novamente, uma tentativa de mudar o rumo do fim, mas que necessitou de
artifícios exagerados).
Por: Milla Pechta