segunda-feira, 12 de março de 2012

Resenha: Camundo O Desenho e a Sombra



Título: Camundo  O Desenho e a Sombra
Autor: Nanuka Andrade
Número de Páginas: 379
Editora: Underworld
Nota de 1 a 5: 4
  Um livro com crianças; não um livro para crianças. Esta frase pode definir muito bem a impressão que o leitor tem ao entrar em contato com a obra. Com vocabulário rico e, às vezes, até um pouco rebuscado, Camundo O Desenho e a Sombra nos mostrará a jornada que um menino, sensível ao Sol, percorrerá para desvendar mistérios, entender seu passado e a si mesmo.
  No começo, a leitura segue muito estranha e parada. O autor vai narrando de maneira muito aleatório e o leitor não entende o motivo de tantos pequenos detalhes. Personagens vão sendo apresentados e o próprio Camundo tanto quanto seu talento são pouco explorados, pairando sempre uma curiosidade no ar. Quem é este menino? Do que realmente ele é capaz? Por que seus desenhos mostram coisas terríveis, que acabam acontecendo logo em seguida?
  Camundo não tem família e por isso mora num asilo de desvalidos. Mariana, a arrumadeira, é sua única companhia neste local, e parece ser a única que realmente se preocupa com o menino. A mulher ajuda Camundo a fugir, e ele acaba encontrando abrigo na casa de um rico e influente ervateiro, Elano Duarte. Será nesta casa que Carlos – o verdadeiro nome de Camundo (Camundo é apenas o “apelido” que cada menino no Asilo possui, e tem sua origem na palavra camundongo) – entenderá que sua existência e seu Dom possuem muito mais história do que ele realmente poderia imaginar.
  O livro possui muitos personagens. Cindina, Malini, Quinzinho, Hans e o Chefe de Polícia são alguns dos que compõem esta obra. Conhecemos também a existência dos Asseclas do Lagarto, mas estes demoram a ser apresentados devidamente.
  Camundo O Desenho e a Sombra demora a nos convencer de sua história. A obra envolve diversas questões e, no início, parece que a história não vai dar certo. Como, por exemplo, cogita-se que haja uma sociedade que habita o interior da Terra, e que também haja uma passagem justamente em Curitiba, onde se passa a história, que conecta o nosso mundo a esta sociedade duvidosa. Tudo parece muito fantástico e logo surgem questionamentos: mas e o que isso tem a ver com a vida de Camundo?
  “Já aviso que antes de mim, estiveram aqui. Homens que reúnem-se em câmaras secretas como a noite, bebem de uma fonte pagã e agem como loucos. Morcegos encapuzados que entoam cânticos macabros é o que são. Tão macabros que chegam a dar arrepios aos mais corajosos.
  Agi como a própria sombra de uma estalagmite, o que é bem natural, já que se me vissem, não estaria aqui para apontar minhas impressões. Mas pude ver que são espertos e organizados como a peste. Usam um estandarte em forma de lagarto que não passa de um Ouroboros. Mas não como uma serpente que é comum de se ver, mas um lagarto em círculo mordendo a própria cauda. Sei que símbolos assim representam mudança. Sim, ao sair da posição linear, mordendo o próprio rabo, este Lagarto nos diz que uma nova era está por vir àqueles que seguirem o Lagarto.
  Poderia passar dias escrevendo sobre o que vi. Mas a cidade que mencionei nas primeiras páginas deste diário merece muito mais. Edificações majestosas, vielas e ruas que fariam de Londres um vilarejo. Sim, podemos dizer que são ruínas daquilo que foi uma grande e maravilhosa metrópole.
  Pois os tais homens, os que entoam cânticos, parecem ter dominado algo de muito poderoso, e vivem ali, numa espécie de acampamento. Receio dizer que até tenham planos vis.”
(Trecho de um relato escrito por Saulmers – um personagem da história – e traduzido não oficialmente por outro personagem, página 245)
Camundo, o próprio menino, deixou um pouco a desejar. Na maior parte do enredo Malini, filha de Elano Duarte, rouba a cena. Com seu jeito mandão e sua esperteza, boa parte dos mistérios são resolvidos pela menina. Camundo surpreende mais no final, quando a história está para acabar, e isto gera um puco de decepção.
  Uma outra questão, que não tem propriamente relação direta com a história, é a revisão. Depois de 2 livros lidos, da mesma editora, muito “mal-revisados”, Camundo O Desenho e a Sombra teve uma revisão muita mais cautelosa (erros mínimos passaram direto como, por exemplo, falta de espaçamento entre palavras – porexemplo dessejeito). Então nada mais justo que parabenizar o responsável pela revisão desta obra em especial: Nanie Dias.
  Não podemos esquecer das maravilhosas ilustrações feitas pelo próprio autor. São muito lindas e merecem um parágrafo reservado especialmente a elas. A cada capítulo somos “presenteados” com um gostinho do que está por vir, e os desenhos tornam a obra muito mais rica.
  Camundo O Desenho e a Sombra terá continuação, mas podem ler sem medo, pois o livro não termina abruptamente, uma vez que tem um “fim”.

Por: Milla Pechta

6 comentários:

  1. Oi Milla, oi pessoal do livros ao quadrado! Que bacana ficou layout de vcs :)
    Acho o blogspot mto bom, viu?!

    Gostei da resenha, ja li outras e falavam super bem td, sou curiosa pra ler este livro.

    Beijocas
    Rapha- Doce Encanto

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    1. Oi Rapha,

      Este livro é uma graça e deve ser lido com toda certeza.
      As ilustrações são perfeitas também.

      Beijos,
      Milla

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  2. Achei esse livro muito interessante. Eu tinha pensando que era infantil mesmo, mas a definição no começo da resenha provou que não, ele tem crianças, não é pra crianças. Ok, eu gostei. Leria sem duvida.

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    1. Do meu ponto de vista, não é exatamente para crianças.
      Mesmo que uma criança leia, um jovem-adulto ou um adulto apreenderá muito mais coisas da história em si.
      O livro não é bobo, só é um pouco lento (demora para algo muito bom/importante acontecer).

      Beijos,
      Milla.

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  3. Milla, eu me apaixonei por Camundo! Apesar da linguagem um pouco mais rebuscada, eu ainda acho que o livro seja voltado para crianças, embora essas crianças precisem ser boas com livros ou escutar a história de um adulto =D
    O que mais me incomodou foi a demora para que as coisas começassem a acontecer - muitos mistérios e questionamentos vão sendo lançados e tudo só vai ser resolvido no final ><
    A Malini ficou sendo minha personagem favorita - acho que me identifiquei muito com ela :)
    Sabe que eu não havia lido a versão final do livro? Como eu revisei, não tinha relido a história. Mas ouvi o autor reclamando da revisão e fui olhar - para saber o que eu tinha deixado passar. E, pasmem, a revisão de Camundo que foi publicado não é a mesma que eu enviei para a editora! O texto foi mexido depois que eu enviei! Nem o Nanuka escreveu algo como "porexemplo" (tenho o arquivo de antes da revisão aqui e isso não existe!) e nem eu implantei esse tipo de coisa na história (também tenho o arquivo após a revisão aqui). Eu não sei o que aconteceu, mas a minha revisão só foi parcialmente aproveitada - o que é uma pena =( Fica parecendo que eu deixei passar esse tipo de coisa... Sim, eu não sou perfeita e deixo passar erros, mas não tantos quanto existem nessa revisão.

    Gostei muito da sua resenha =)

    Beijos,
    Nanie - Nanie's World

    PS: Desculpe usar esse espaço para o desabafo >< Mas é que fico muito triste por saber que minha revisão não foi devidamente usada e assim fica meu nome manchado.

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    1. Nanie, acredito que a Under tem problemas. Não é possível!

      Vamos esperar agora pela continuação e ver o que Camundo irá descobrir e as aventuras que ele irá vivenciar. Tomara que o livro tenha mais emoções ao longo de toda a história, porque ficar esperando pelas coisas só acontecerem no final é um tanto frustrante.

      Beijos,
      Milla

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