domingo, 6 de maio de 2012

Resenha: Sussurros de uma Garota Apaixonada



Título: Sussurros de uma Garota Apaixonada
Autora: Mandy Porto
Número de Páginas: 244
Editora: Underworld
Nota de 1 a 5: 1

Duas palavras: imaturidade literária. Talvez essas duas palavras possam justificar a baixa qualidade da obra. Outro motivo: falta de revisão da história, o que, neste caso, não é culpa da autora mas sim da editora que não deu devida atenção à obra. Há todo um trabalho gráfico bem feito, de diagramação encantadora (cada capítulo iniciado com uma flor diferente), no entanto é possível encontrar diversos erros tanto ortográficos, quanto de coerência/coesão e continuidade dos fatos narrados.

A sinopse nos diz que “Brooke Watson, uma novata na Universidade de Stanford, não queria saber nada de garotos, apenas queria se concentrar nos estudos e ser uma boa médica no futuro. Danny Garcia entra em sua vida, um garoto arrogante que a maioria das pessoas da Universidade detesta. Ele é morto por um Serial-Killer do campus e Brooke é a única que consegue vê-lo. Eles se detestam, mas deverão trabalhar juntos para descobrir quem é o assassino que está matando meninos no campus da Universidade”.

No entanto, quando se começa a leitura, parece que nos é apresentada mais uma história que se passa num “High School” do que propriamente em Stanford. A descrição dos personagens, a rotina deles, as aulas, os professores... Um cenário mal descrito, pois estava com uma aparência de colegial. Outro ponto: logo de cara Brooke e Danny não se dão bem, se odeiam mutuamente; mas, no final, quando é explicada a razão de tanto ódio, a justificativa não convence tanto assim, ficou mal trabalhado o motivo de se odiarem, um tanto superficial demais. Mais: a garota consegue, logo no início das aulas, um estágio no necrotério da própria universidade (Como assim? Um aluno, mesmo que se mostre dedicado e tenha ótimo desempenho, não arranja estágio dessa maneira! A própria Brooke conheceu veteranos, e não foi mencionado que eles tivessem conseguido um – quer dizer que calouros, com um histórico prestes a ser preenchido ainda, tem mais oportunidades do que aqueles que já estão lá por mais tempo? Não parece Stanford). Brooke tem aula de Anatomia Descritiva com uma professora chamada Olivia, a qual se torna quase que uma segunda mãe (só me digam onde que se encontram professores que abraçam e acalentam seus alunos em momentos difíceis, principalmente quando os alunos acabaram de entrar na universidade e mal estabeleceram contato com o corpo docente).

Falando de Lucy, a garota com a qual Brooke divide o quarto; a personalidade da menina é um tanto mal formada, não tem personalidade estável. A personagem em si foi mal feita. E quanto à sua irmã? No início do livro, Lucy menciona que tem uma irmã que estuda em Stanford também e que um dia ela apresentará à sua mais nova amiga. Acontece que Brooke acaba conhecendo primeiro o namorado da irmã da amiga, e a própria irmã ela nunca foi apresentada (nem mais foi mencionada no livro, simplesmente se esqueceram da garota).

Voltando ao casal principal, que se odiava em vida, os dois se mostraram um apaixonado pelo outro após a morte de Danny. Assim, do nada. Ele só conseguia ser visto por ela e mais ninguém, e também não conseguia tocá-la. Não só não a tocava, mas também atravessava qualquer pessoa/objeto, entretanto....

“- Quer ajuda? Você parece estar afogada em papéis – ele retrucou sorrindo.
- Estou ótima, mas obrigado por se oferecer – sorri de volta. Na verdade eu queria que ele me ajudasse, eu realmente estava afogada em papéis. Mas como ele estava morto e não podia tocar em nada, ele não poderia exatamente me ajudar.
- Você pode conversar com outros fantasmas? - perguntou ele enquanto brincava em minha cadeira giratória. Se alguém entrasse ali naquele momento, esse alguém provavelmente iria ficar assustado e nunca mais voltar. Porque, sabe como é... minha cadeira estava girando para o lado esquerdo e direito... como se uma pessoa realmente estivesse ali sentada girando pra lá e pra cá.”

(Danny & Brooke – páginas 71/72)

Ah, então quer dizer que com papéis não tem efeito, mas a cadeira se move com o “peso” dele... Bem plausível! E é aí que entra a tal da imaturidade literária mencionada anteriormente...

Se você realmente prestar atenção, a história tinha tudo para dar certo, apesar de ser clichê. O problema foi que a autora tinha tanta ideia para pôr no papel, que acabou engolindo detalhes e sua obra ficou sem essência, acabou não convencendo. Ela quis envolver tanta coisa no enredo que acabou fazendo uma mistura desagradável, principalmente com o final da trama (o livro tem, praticamente, “dois finais” - a história acaba, ou seja, tem um fim, mas de repente continua e acaba tendo outro final, como um capítulo extra. Teria sido muito melhor se a história tivesse acabado no “primeiro final”, pois para justificar o “segundo final” foram inseridos elementos de última hora, parecendo um tanto superficial novamente, uma tentativa de mudar o rumo do fim, mas que necessitou de artifícios exagerados).

Por: Milla Pechta

Nenhum comentário:

Postar um comentário